Você já deve ter parado para observar uma fêmea de gato ou cão ser persistentemente perseguida por machos em busca de acasalamento. A partir disso, surge a dúvida: com tantos candidatos, será que as fêmeas podem ter filhotes de pais diferentes?
Segundo o biólogo Guilherme Domenichelli, do Zoológico de São Paulo, o tema não é apenas uma teoria: as fêmeas de gatos e de cães podem ter filhotes de vários machos distintos em uma mesma ninhada.
"Isso é realmente muito comum entre essas espécies. É lógico que cada um dos filhotes acabará agregando 50% das características da mãe e outros 50% do pai, mesmo que a mãe tenha copulado com vários exemplares", explica. Quando está no cio, a fêmea pode ter diversas relações com um macho, ou mais de um, copulando durante os quatro ou cinco dias do mesmo período fértil.
No momento em que um óvulo é fertilizado por um espermatozóide, uma reação natural impede que outro espermatozóide também o penetre. No entanto, no momento em que uma fêmea copula com machos diferentes, poderá ter cada um de seus óvulos fertilizados por espermatozóides de pais distintos.
No caso dos gatos, as fêmeas que não têm pedigree (certificado de registro de ancestralidade) podem produzir quatro óvulos ou mais, o que não garante que os fertilizados possam se desenvolver em filhotes. Em média, podem nascer de três a sete filhotes. Para alguns gatos de raça, as ninhadas ocorrem em maior quantidade, chegando a mais de dez gatinhos.
O período de gestação é pequeno e dura nove semanas, em média. Entre os cães, a quantidade de óvulos e o tempo de gestação são similares aos dos gatos.
Outros animais
De acordo com Guilherme Domenichelli, é possível que este processo de reprodução de gatos e cães ocorra com exemplares de outras espécies, mesmo sendo algo incomum. "Pode ocorrer que as fêmeas de outras espécies tenham filhotes de machos diferentes, mas fica difícil de identificar os parentescos deles porque não existirão tantas diferenças facilmente visíveis como entre os cães e os gatos", completa.