Mesmo quando contam com poderosos ferrões ou presas capazes de injetar veneno em suas caças, animais como escorpiões e cobras são incapazes de cometer o suicídio, inclusive quando confrontados com uma situação de perigo, segundo os professores Pedro Gnaspini e Miguel Trefaut, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). "Não há evidencia científica nenhuma quanto a isso", diz Trefaut.
A ideia de que animais podem se suicidar é sustentada principalmente por um popular mito de que escorpiões, quando colocados no centro de um círculo de fogo, injetam-se veneno para morrer antes de sofrer com as queimaduras. Segundo Gnaspini, o que ocorre, nesses casos, é uma falsa ideia de que o animal tenta se matar, o que já seria impossível porque os escorpiões normalmente são imunes ao veneno de sua espécie.
Em uma situação como essa o escorpião morre, na verdade, de desidratação devido ao calor do fogo. Na hora em que perde a vida, o animal contrai sua musculatura, incluindo o rabo. Com isso, o aguilhão se volta contra o corpo, o que dá a impressão de uma tentativa de suicídio. "Quando a cauda se contrai ele já não tem mais controle muscular", reforça Gnaspini.
Mesmo não havendo registro de suicídios entre os animais, Gnaspini destaca a existência de uma prática próxima disso entre os machos das aranhas viúvas-negras, que têm esse nome pelo fato de as fêmeas, em alguns casos, matarem os machos para comer seus corpos logo após o acasalamento.
Acontece que nem sempre a fêmea tenta matar o "companheiro", que pode aproveitar para fugir, mas, às vezes, se oferece como presa para a fêmea, em um sacrifício para garantir alimentação da mãe de seus filhos.