Se na selva a lei diz que o vence o mais forte, no mar a regra é que a união faz a força. É justamente para se defender contra predadores que os peixes se reúnem em cardumes, grupos que têm, como principal característica, a sincronia de movimentos ao nadar.
"Esta sincronia tem o efeito de dissolver o indivíduo em uma massa homogênea que confunde o predador, impedindo que ele foque seu ataque em um indivíduo em particular. Não sendo capaz de focar em um indivíduo, as chances de um predador capturar uma presa caem dramaticamente", explica o biólogo do Instituto Oceanográfico da USP Arthur Ziggiatti Guth.
Guth compara o funcionamento de um cardume com uma brincadeira com bolinhas de tênis. "Jogue uma bolinha em direção a uma pessoa e ela a pegará facilmente. Jogue duas, ficou mais difícil, mas ainda é possível ao 'predador' capturar ao menos uma presa. Continue adicionando bolinhas aos lançamentos e chegará um momento em que as chances do 'predador' não pegar bolinha alguma será cada vez mais comum. Se fosse possível adicionar sincronia e comportamentos evasivos às bolinhas, as chances do predador diminuiriam cada vez mais", acrescenta. Além disso, quantos mais "pares de olhos" para atentar contra uma possível ameaça, melhor.
Muitos cientistas afirmam que, além das vantagens defensivas, estar em um cardume ajuda a encontrar um parceiro para a reprodução e a localizar o alimento de melhor qualidade e mais abundante. "Com dois restaurantes vizinhos para escolher, você escolheria o que está vazio ou o que tem algumas pessoas neles?", lembra o biólogo.